quarta-feira, 25 de agosto de 2010

“Nhô Chico“


Já o chamaram de Chico, Chico Bomba, Bomba  

agora quero mostrar o “Nhô Chico”.

       
         Filho de Seu Tininho da Bomba, nome este que veio da fazenda da Bomba onde eram colocadas “bananas” de dinamite para a extração do ouro. Isto no século passado.
Viveu lá, depois da partida de sua mãe para o plano espiritual, com seus muitos irmãos e todos carregam Bomba no nome.   
         Aqui perto, em Baependi, temos uma figura de fé e de muita caridade, chamada “Nhá Chica”. Romeiros vêm de todos os lados em busca de uma ajuda espiritual e até de um milagre. É uma cidade que exala religião, fé, esperança e crenças.
          Um dia, muito triste com a doença de uma pessoa querida e que se encontrava internada no hospital daquela cidade, falei para o Chico Bomba: “queria tanto rezar com bastante fé e não consigo”. Muito sério, me aconselhou ir até a cruz de “Sá Mariquinha”, na fazenda da Bomba.
Lá vivem Maria, Aparecida e Joaquim, filhos da finada benzedeira. Assustei-me com a simplicidade do local e com a tosca cruz de madeira,  debaixo de uma árvore enorme e frondosa. Me receberam, talvez pela presença do Chico que ali foi criado, com muito carinho.
O lugar é lindo e você é transportada para uma paz infinita. Gente simples, mas de um coração e uma história sem igual. Começam a contar “causos” de curas, apenas com as orações e pedidos para aquela que ali, colocou a cruz. Dizem benzer animais mordidos de cobra. Crianças com o “ventre virado”. Pessoas desenganadas pela medicina tradicional. Enfim, relatam um rosário de histórias que encantam e nos dão esperanças.
            Maria, é um anjo de asas quebradas, como chamamos nossos irmãos que nasceram especiais. Ama uma boneca ou um brinquedo, que cuida com todo o carinho. Ri de uma maneira tão linda e, quando pega a boneca, parece que colocamos em suas mãos um tesouro. Tem mais de 70 anos.
            Aparecida, sua irmã, neste dia estava feliz, pois a água que buscava no fundo de uma grota, durante muitos anos, havia chegando à porta de sua cozinha. Foi um presente  Agora, gente, quando abro a torneira, me envergonha nunca ter precisado descer um enorme barranco para buscar água. Ela abria a torneira e nos mostrava que era gelada e limpinha! Que benção, Meu Pai!
             Joaquim, que ainda sonha com a princesa, chegando numa carruagem, estava um pouquinho abatido por causa de uma gripe.
             Já estava resolvida a pegar meu carro e sair daquele lugar aos prantos. A lição que eu precisava já havia sido passada. Chico me chama para orar ao lado da cruz. Havia até me esquecido do motivo que me fez ir até aquele lugar bendito. Começamos a pedir para “Sá Mariquinha” proteção, saúde, paz, harmonia e, em especial, pela pessoa querida que estava doente. A tarde foi chegando e um vento cheiroso e frio começou a tomar conta daquele lugar.
Chico, muito sério, disse: - ela escutou e vai nos atender.
            Olhei para ele com espanto e, digamos, um pouco incrédula. Sua certeza me assustava e sua voz pausada me dava esperança. Despedimos-nos e voltamos para a casa em silêncio total. Aqui chegando ele disse que até quinta-feira a pessoa doente estaria recuperada, em casa e bem. Isto, contrariando todos os prognósticos médicos.
            Depois dessa houve outras histórias de previsões acertadas. Numa brincadeira olhei para ele e disse: Nhá Chica em Baependi e Nhô Chico na Bomba.
Desde então rimos muito quando estando ao seu lado perguntamos: “e aí Nhô Chico, vou ganhar na Mega-Sena?”.
               Estou conhecendo pessoas que ainda têm a essência da simplicidade.
               Não é fácil não. A gente se acostuma com as coisas fúteis e caras e um dia descobre que uma tosca cruz de madeira pode lhe trazer de volta a fé perdida. Que uma bica de água pura pode lavar suas feridas e lhe trazer de volta a esperança.         

9 comentários:

  1. É... minha querida,tive a força renovada pelo nosso Nhô Chico que,com sua pureza da alma me trouxe de volta à vida,acreditando na grandeza espiritual de nossa "Sá Mariquinha".Agradeço ao Chefe todos os dias por ter colocado em minha vida uma pessoa como Chico Bomba,meu anjo protetor.A sua benção,Nhô Chico

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  2. Sentimento puro, nobre e simples chamado FÉ.
    A fé nos leva a lugares inatingíveis, a sentimentos esquecidos e à esperança de estarmos perto de quem sempre está conosco: DEUS.

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  3. Pô Fê, fala de sua mãe. Fala do sentimento puro que ela descreve. Fala da fé que a faz acreditar no poder de uma tosca cruz de madeira. Se sente banhada numa bica de água pura e consegue reviver seus sentimentos mais nobres. Nunca fui tão tocada por Deus como naquela tarde. Namastê minha filha!Bjs

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  4. Fernanda falou sim de você, mãe, da sua fé que te levou a um lugar inatingível e ao sentimento de esperaça. A Fê falou de você sim, mãe, quando falou de estarmos sempre perto de Deus, porque, tenho certeza que ela entendeu estamos perto de Deus sempre que O sentimos nas forças da Natureza

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  5. Pronto, agora Chico Bomba vai ser canonizado!!

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  6. Não meu filho, apenas estou falando da simplicidade e de sua maneira "mineira de ser". Ele é para mim uma versão do Jeca Tatú do ano 2010. Nunca será canonizado, está apenas ajudando sua mãe a encontrar a fé e descobrir beleza numa cruz na beira do caminho. Te amo demais da conta. Bjs

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  7. Vou dar meu testemunho para canonização de Nhô Chico. Uma vez eu e ele fomos para Fazenda Nova passar o tempo. Nessa bateu a fome e a fazenda estava vazia e fechada, o que tinhamos para comer era o que estava plantado no terreno (lógico, tinha umas vaquinhas, mas ia dar muito trabalho convencê-las a ceder uns 4 pedaços de bife). Nessa Chico pega umas folhas de couve como prato, fatia uns pepinos q colheu na horta, rouba um pouco de sal q estava no cocho para as vacas, espreme uns limãos q foram catados na hora tb e fartamos de pepinos (sem duplos sentidos por favor) naquela tarde vicenciana. Nunca fui chegado a pepino (no duplo sentido agora, por favor!), mas vou dizer que pepino igual aos daquele dia, nunca comi igual...São Chico fez daquelas verduras (esquece o duplo sentido agora!) muito mais saborosas.

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  8. Ainda bem que era o Chico e não o Cesinha. Já basta o Fê e vc patinar de costas com ele nas olimpíadas de inverno. Comer verdura e pepino com ele já seria demais pro meu gosto.

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  9. Gente simples, ingênua, crédula e temente à Deus.
    E graças a ele a sua Fé perdida foi recuperada.
    Que o espírito de luz de Sá Mariquinha e o poder da mente do Nhô Chico ilumine a todos nós.

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