segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Dona Encrenca!

           Hoje, 30 de agosto, mamãe faria 91 anos.
           Era uma pessoa de personalidade muito forte e determinada.
Mamãe foi criada pela minha vó Brasilina que ficou viúva aos 30 anos. Carregava na barriga minha mãe, quando meu avô morreu num acidente na Fábrica de Piquete. Sozinha e com mais duas crianças para criar foi morar em São Paulo
           Começou uma vida de dificuldades e privações.
           Quando conheceu papai, o ser mais tranquilo que conheci, deve ter pensado: este vai ser o marido ideal!
Casaram-se em Piquete SP, no dia 26 de dezembro de 1939 às 17 horas na Igreja Matriz. A partir de então, papai conheceu a verdadeira Iracema e passou a chamá-la de D. Encrenca, pois era uma pessoa difícil de lidar, mas que o amava muito.
           Foram morar perto dos sogros dela e um ano depois chegava meu irmão Milton. Um boneco de olhos verdes e que viria preencher todas as expectativas dos novos pais. Não é que pouco tempo depois esta figura, que vos escreve, resolveu atrapalhar aquele triângulo previamente estabelecido?
           E aí veio uma coisinha doente, mirrada, asmática e chorona para atrapalhar a tranquilidade daquela casa.
          -Dizia ela: eu falei, Luiz, que queria só um filho. Esta menina só dá trabalho.
E aí cresci sempre desafiando mamãe para ter carinho dobrado de papai.
Com crises asmáticas vivia entre o hospital da Fábrica e minha cama. Se tinha prova no dia seguinte, e não estudara, asma......contrariada....asma. E, assim fui levando minha vida sempre fugindo das responsabilidades....com asma.
Mamãe, logo percebeu minha estratégia, mas Seu Luiz corria ao meu alcance e me poupava de umas palmadas, digamos, bem merecidas.
           Foi uma infância feliz de menina do interior.
Meus pais sempre foram cuidadosos com os filhos.
Depois, teve a chegada da Dita e Lucinha e nos tornamos, para mamãe, uma enorme familia.
Mal sabia ela que sua filhinha doentinha tinha grandes projetos de povoar o mundo.
Vieram 5 netos que foram paparicados e amados por aqueles avós especiais. Pena que ela não alcançou os 15 bisnetos. Sómente Luísa, Luiz e Vinícius.
            Bem, D. Encrenca, essa sua filha quer lhe falar de seu amor e dizer que todos os beijos que ficaram travados nos  meus lábios se transformem hoje em luzes e sejam depositados neste rosto lindo. Te amo demais da conta.

6 comentários:

  1. NÃO ERA FÁCIL CONVIVER COM D. ENCRENCA, EU QUE O DIGA, MAS VIVER SEM ELA FICOU MUITO SEM GRAÇA. GOSTARIA MUITO QUE ELA ESTIVESSE AQUI, RANHETA E COMEMORANDO MAIS DE 90 ANOS. UMA CERTEZA TENHO, QUE ELA SE ENCONTROU COM SEU GRANDE AMOR E CONTINUOU A HISTÓRIA, DEUS PERMITA QUE COM MENOS PUDORES...

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  2. Dona Isa, este seu texto seria um prato cheio para Freud! Aliás, alguns blogs seriam verdadeiras armas nas mãos de psicólogos e psicanalistas. O meu que o diga!
    Bj!

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  3. Este é realmente um caso de amor,estilo "A bela e a Fera",cheio de conversas não dirigidas,sentimentos guardados no âmago(Chic,né)mas,com uma imensa ligação que sequer a partida da minha querida Dona Encrenca conseguiu abalar.Parabéns pela sua declaração!!!Tenho certeza que ela aplaudiu lá de longe....e lhe manda muitos beijos também.

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  4. Ainda lembro da mão pesada na minha bunda qdo criança. Logo eu! Sempre tão tranquila!
    O fato é que na medida que me tornei mulher, conheci uma Dona Iracema dócil, meiga, sensível, carinhosa e com um cheirinho de talco de-li-ci-o-so!!

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  5. Galera, Vó Iracema era sensacional...

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  6. Também acho meu filho. Por este motivo falei dela, de seu amor, sua maneira típica de ser. Eu lhe devia esta homenagem. Foi uma grande mulher. Tenho orgulho em ver vocês falando dela desta maneira tão amorosa e saber que ela era a.....minha mãe! Bjs

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