segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um dia.....

             Era uma manhã linda e eu brincava com meus filhos no quintal, quando toca a campainha. Ao abrir a porta, me deparo com uma mulher elegante vestida de branco com estampas marinho e uma carteira muito bem colocada debaixo do braço. Na rua, espera  um carro preto, com motorista particular devidamente vestido.  Pergunta por uma mulher que "adotava" crianças e que deveria morar naquela casa. Mostro meus quatro pimpolhos e categoricamente lhe afirmo estar em porta errada. Vejo seu desespero e pergunto quem havia dado o meu endereço. Haviam lhe dito que eu poderia cuidar de um bebê que estava no hospital e que, apesar de me achar muito garota, estava disposta a me entregá-la. Achei que era uma brincadeira de meus amigos e despacho a mulher. Toca novamente a campainha e nervosa me acusa de ter de deixar esta criança para ser encaminhada a um orfanato. Já assustada pergunto: de quem é esta criança? Ela me responde que é de sua filha. É um bebê indesejado que não estava no programa financeiro de sua família. A garota tinha apenas 16 anos e teria engravidado de um rapaz pobre, atrapalhando os planos de uma família de grandes empresários. Eu não acreditava nesta história e já estava para fechar a porta quando ela me diz que a criança estaria num determinado endereço às 15hs.  Prometo estar lá na hora combinada.
              Deixo meus filhotes na casa da vovó e para lá me dirijo.. Vou ficando nervosa quando vejo que de fato o carro estava naquele local.
              Entro numa casa simples e ao chegar no quarto vejo uma jovem linda sentada na cama. Na outra , vejo algo enrolado num cobertor bem vagabundo.  Desembrulho e aparece uma criança linda motivo de tanta raiva da tal "senhora".
Pede que eu saia logo pois que ela tem pressa de ir embora.  Vi que  não morava ali.
              Pego essa criança, com todo o carinho do mundo, me aproximo da garota e tento fazer com que ela a olhasse . Vira o rosto  e mesmo chorando pede para eu ir embora. Insisto e sou empurrada em direção da porta de saida.
Vou para meu carro e ainda consigo dizer que o preço será muito alto pelo que estão fazendo.
Saio e aos prantos vou para casa de meus pais.
               Eu era muito jovem para um problema tão grande. A revolta cresce dentro de mim.
Sabia de abandono por falta de recursos, de um companheiro para ajudar na criação, por desinteresse maternal ou outro problema ligado a falta de condições para criar um filho. Entretanto alí estava um motivo torpe e baseado apenas na condição material e financeira. Essa criança viria atrapalhar uma junção de interesses.
                Cuido dela como se fosse minha e logo é adotada por um casal maravilhoso que lhe cobriu de amor e fez dela uma mulher forte, inteligente, batalhadora e uma filha adorada. Meu amor continuou. Sou sua mãe de longe. É uma peça importante no meu crescimento espiritual e como ser humano.  Ela sabe deste amor e me retribue da mesma maneira.
                Segui meu caminho fazendo o reencontro desses  filhos com seus pais do coração.
                Sinto que é uma missão e que um dia, lá, bem distante, fui de uma maneira qualquer, causadora desta separação.
                Acredito em Deus e sei que Ele estava apenas me testando para um dia me colocar nos braços aquela que de fato seria minha filha.

3 comentários:

  1. Tia Isa! Gosto muito das suas postagens! Gosto das histórias e do estilo! Vou sempre acompanhar! Obrigado por acompanhar o meu! Hoje postei algo lá!

    Beijos

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  2. Linda essa história. Dava uma boa novela, ou parte da história de uma. Mas queria mesmo é que essa linda menina fosse realmente minha irmã.

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  3. Tia....adorei ver a minha história aqui.
    Vocês foram a minha primeira familia e no meu coração nunca serão esquecidos. Fernanda, adorei seu depoimento.

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